sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Despertador Nokia. Mais meia horinha. Banho. Que quente, porra! O que falta? O vestido pink que a mãe pediu. Vestido pink? Eca. Ração pros cachorros. 3 tigelonas para aguentarem o final de semana. O que você tem no focinho? Outro cogumelo no jardim! Barriga hoje não. Taxi! Errei o cheque. 24 horas. Vou perder o fretado. Calor. Tira esse lenço do pescoço! Peruano, me dá passagem, por favor! Ônibus saindo. Fôlego esvaziando. Pára, motorista! Menino folgado no banco do lado. Ou tarado? Marginal fotográfica. Pára de roçar a perna em mim, moço. Trabalho. Volta. Aeroporto. Xingu. Duas, por favor! Para compreender a turbulência.

#fortalezaemchamas

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

(SILÊNCIO)


E tinha aquele mal estar. Você se lembra? Ainda bem que passou. Eu olhando pro azulejo encardido de comida sem gosto. Você, pra mim. Eu deixando o meu corpo para o seu discurso. Um marionete sem vida? Não. Você me transformando em personagem. Eu cortando as cordinhas todas as noites. Escorregando com desculpas descaradas e reais. A culpa pesando. Por quê? Não fiz nada. Não amar mais é fazer alguma coisa? Me deixa abrir essa porta. Quero ir pra rua e voltar só mais tarde. Quando você tiver partido. Posso te ligar de vez em quando? Posso dizer alguma bobagem do tipo Foi bom enquanto durou?
O inverno vai voltar. Minha voz também. Daquele jeito que eu cantava. E talvez eu sonhe um dia com essa estranha autocobrança de tentar andar de outro jeito. De não conseguir. Porque caminho assim. Como caminhava antes de você (?). Os calos são menores. As unhas podem ser feitas. E eu posso deixar cair um pouco de cerveja no sapato que Tudo bem. Tudo bem. Eu tô bem. Eu vou ficar. Me perdoa? (?)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

APAGÃO

Dentro de um corpo imóvel.

AAAAAAAAAAAAAA.
Alguém ouve?
(Silêncio)
Melhor assim. (?)
Alguém vê?
...

O sono chega ordenando:
Fechem os dois olhos! Abram o bocejo da boca.

A cama deita em lençóis e convida sedutora:
Vem. Veeemmm...

Eu vou.

Deixo as folhas adormecerem na calçada da frente. Os cachorros procurando algo sólido no prato. As multas invadindo a caixa do correio. O telefone gritando seu monólogo sufocado. O tanque do carro tosse o ar seco e alcoólico. Rodas chutando alguma quina de calçada.

Eu talvez repique o cabelo em cima da pia do banheiro. Talvez não entenda um livro enquanto me agarro ao sofá. Talvez ceda aos excessos noturnos até de manhã. Talvez o relógio me espante:
Olha como eu faço as horas correrem!
Talvez o espelho me espante:
Olha como eu faço os anos passarem!
Talvez eu fique com a minhas gírias velhas.
Talvez até me deixem lembrar de quando aprendi tabuada.
Talvez não tenha tempo de ver o nascimentos dos vincos.

BI BI BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

O cheiro de álcool no estofado. O cheiro do ferro do sangue.

Minha família surpreendida e salgada no quarto de um hospital.
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