terça-feira, 21 de julho de 2009
PAUSE
Na sala discutiam pizzarias e espirros. Que a covinha do presidente apareceu quando começou a raspar os pelos do rosto. A televisão ligada bisbilhotava algum cenário da novela das oito. Perguntaram-lhe como andava o trabalho. Alice deu de ombros e foi até a janela. Alguém insistiu Já conheceu o meu amigo do financeiro? Alice ignorou a pergunta, talvez porque também ignore o tal amigo. Desligaram a TV e cochichos desculpavam-se pela dificuldade que ela desenvolveu para assistir a novelas. No céu a lua apagava-se lentamente. Por seis minutos a escuridão hipnotizaria Alice. Um momento que inspira silêncio e contemplação. Nada de Brasília e vírus. Instantes que demoram a voltar. Disseram 123 anos. Quando ela for ossos ou cinzas. A vida poderia ser mais previsível como a data de hoje. Algum físico poderia dizer-lhe em que oceano ela vai desaguar? Alice pulou a janela para deitar-se na grama úmida do jardim e esvaziou os conflitos habituais da cabeça. Criaria um novo. Tenho apenas seis minutos para aproveitar. Encaixou as mãos entre folhas e nuca. E os olhos, na sombra redonda.
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