quarta-feira, 17 de abril de 2013

FRAGMENTOS DE UMA CAMINHADA - #Nicolielo'sDiary



garota no campo

Pedreiros satisfeitos dormem sob árvores, que enfrentam o sol agressivo que faz quando a marmita esvazia.

O vento sussurra algo no ouvido de folhas secas, que abandonam o cochilo para sassaricar pela rua. Enfeitam o meu rastro.

A casa da esquina, já decadente pelo seu bege descascado, observa a melhor paisagem do bairro: o outro lado do morro, onde casinhas coloridas se espremem, compondo a intenção de parecer um quadro.

O meu tênis velho, salvo três vezes pela cola de um sapateiro aposentado.

Os meus olhos tentando invadir as janelas daquelas casas. Avistam um pergolado e o desejam.

Um garotinho loiro parece ter dois anos e conversa, com sua voz extremamente fina e infantil, com a avó peituda, que está sentada em um banco de madeira escura na área da casa.

O homem que lava o seu taxi religiosamente aos domingos e às quartas, descaradamente com seu short curto debaixo de uma enorme barriga. O homem era amigo do meu avô.

A casa em exposição, arejada, cheia de escadas e uma graminha e uma piscina limpa e azul, de novecentos e vinte mil reais, onde eu não moraria, porque novecentos e vinte mil reais, faça-me o favor.

Então, o latido do cachorro. Aquele que, sempre que me vê, late, rodopia e pula, necessariamente nessa ordem. O meu cachorro.

O portão fechando. A primeira caminhada.

*

Em que você repara quando caminha pela cidade? Conte pra mim. ;)
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