(Texto escrito para o blog da AIC)
Desta vez, terminávamos. Do flagra no bar até seu apartamento, vivemos ofensas na calçada, lágrimas e o empurrão que me atirou de encontro ao muro. Sentados no sofá velho, partiu de mim o pedido. No mesmo sofá em que trepamos quatro vezes na nossa primeira noite. No mesmo sofá em que, talvez um dia, planejaríamos eternidade e casa própria.
Você, mudo, me encarava, vazio.
Abriu a boca para dizer um nevoeiro de palavras: amor, prisão, desejo, mulheres, homens, livre. Reprimi a vontade da minha dor: apagar você com a ponta da tesoura na garganta.
Eu lhe deixava, quando você enchia um copo de água com açúcar para os meus nervos, com a promessa de nunca mais ceder ao charme que existe nos seus telefonemas com flores, consertando, assim, os impulsos de uma semana passada. Destratada, à porta do meu carro e aos prantos, menstruava-me sempre a cena do bar: você, desejo, homens, livre.
Quando a chaleira apitou, minha alegria foi perceber que, desta vez, pela primeira, eu fantasiava o nosso fim.
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