Tudo começou com a aposta idiota que fiz com um amigo. Se ele enfiasse uma
moeda no cofrinho do cara, que pulava da calça jeans, eu assistiria a um
jogo de futebol pela TV. Nenhum esforço pra quem gosta do esporte, o que
nunca foi o meu caso. Perdi a aposta e o amigo cobrou. Era isso ou pagar em
dinheiro. Como ando meio dura, prometi presença na sala de TV durante o
próximo jogo.
Aproveitei a única coisa que me faria parar na frente de uma TV para me
concentrar num jogo de futebol, que aconteceu numa quarta-feira. Eu tenho um
irmão que mora fora do estado de São Paulo, mas continua palmeirense. Fui
recebida em casa com uma ligação do meu pai, que já tinha preparado a pipoca
e avisava que o irmão desertor estaria na arquibancada do jogo do Palmeiras,
que aconteceria na cidade dele. Jogo televisionado! Eu não podia perder.
Vejo o meu irmão tão pouco, que torcer por um segundo dele numa tela plana,
seria um bom incentivo para aguentar o jogo e pagar a aposta.
Estar na televisão dá a quem te assiste uma intimidade chata quase familiar,
mesmo que o fulano só tenha te visto uma vez na padaria . Deve ser difícil a
fama!
Antes do jogo, dei uma passada no computador, precisava finalizar um texto.
Não sei vocês, mas quando estou bem empolgada com alguma coisa, sou capaz de
ficar horas lapidando, desconstruindo, encaixando, apagando. Horas. E aquela
quarta-feira não foi diferente. Horas. Terminei perto da meia noite, o
telefone gritando se eu tinha visto o meu irmão e o sobrinho na TV. (O
sobrinho também?) Perdi um momento familiar e não paguei a aposta, mas
respondi que sim, ao pai e ao amigo. Não gostaria que continuassem a me
rotular como uma pessoa que não se envolve com futebol e família. Afinal,
que tipo de irmã e brasileira eu sou? Falsificada. Made in China. Eu não
precisava de mais broncas.
Pode ser o nosso segredinho, leitor? Se você guardar como se fosse seu,
prometo ver o jogo do próximo domingo. Quer apostar?
Leia a coluna no site do terceiro tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário