quarta-feira, 9 de abril de 2008

ELEVADO COSTA E SILVA

Era manhã quando o cheiro do Elevado Costa e Silva escorreu pelo corpo de Nice com água, espuma e células mortas. A Rua Rosa e Silva desceu pelo encanamento da casa branca descascada. O Puteiro do Alves, camuflado com a placa amarela Sinuca Chuchu em sua fachada, conheceu os ratos da zona norte que, assim como os moradores dizem “É nóis!”, mas na língua ratatouille. O Bar do Nogueira e o próprio Nogueira escorregaram ébrios na gelatina marrom do esgoto de Santa Terezinha. A Padaria Palmeira passeou pelo mundo que há embaixo do Salesiano e do Mazzarello e ecoou: pizza napolitana! pizza napolitana... litana... tana... tana...

Era manhã quando o travesseiro exalou a saliva ocre. O azedo da fronha, nem as lavagens à mão de Cirlei às quintas-feiras removeriam. Talvez só o conseguiria o sol da semana seguinte. O sol que se comprime ao passar pela janela do quarto de Nice, das oito e vinte e três da manhã às duas e quarenta e cinco da tarde, e esquenta o edredon virgem bordado à mão pela tia-avó. Um espaço em que o Elevado jamais transitaria não fossem os goles abundantes e necessários de um dia anterior.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gosto muito qdo junta a sua pureza nata e sua agressividade tardia!!

Débora Costa e Silva disse...

Pri!
Adorei teu blog! E o texto inspirado na nossa noite de bebedeira também...o amanhecer...demais! Escreves muito, garota!
Ontem fomos lá de novo, sentimos tua falta...
Ah, no meu blog publiquei o poema coletivo...amo!
Beijos!

Anônimo disse...

Sem marcações à caneta vermelha, Pri! rs
Sabe que música ficou ecoando em meus ouvidos de dentro, enquanto lia suas gotas pingadas da chuva de imagens?
Bem, estou tendo uma idéia aqui agora e acho melhor não te falar dessa canção... aliás, tenho que te pedir uma autorização: posso declamar este texto no nosso próximo sarau? quero ligá-lo a essa música que rasga meus anseios lusitanos...
bjo, bjo, bjo... espero que vc tenha visto meu email... corridinho, mas cheio de amor..rs

Unknown disse...

Ê, Lico. Gostei! Valeu.

Dé, vou publicar o poema coletivo aqui também! Engraçado. Vamos fazer outro logo!

Fê, pode ler este texto sim, mas eu tenho o direito de saber qual é a música, Pablo!

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