Era manhã quando o cheiro do Elevado Costa e Silva escorreu pelo corpo de Nice com água, espuma e células mortas. A Rua Rosa e Silva desceu pelo encanamento da casa branca descascada. O Puteiro do Alves, camuflado com a placa amarela Sinuca Chuchu em sua fachada, conheceu os ratos da zona norte que, assim como os moradores dizem “É nóis!”, mas na língua ratatouille. O Bar do Nogueira e o próprio Nogueira escorregaram ébrios na gelatina marrom do esgoto de Santa Terezinha. A Padaria Palmeira passeou pelo mundo que há embaixo do Salesiano e do Mazzarello e ecoou: pizza napolitana! pizza napolitana... litana... tana... tana...
Era manhã quando o travesseiro exalou a saliva ocre. O azedo da fronha, nem as lavagens à mão de Cirlei às quintas-feiras removeriam. Talvez só o conseguiria o sol da semana seguinte. O sol que se comprime ao passar pela janela do quarto de Nice, das oito e vinte e três da manhã às duas e quarenta e cinco da tarde, e esquenta o edredon virgem bordado à mão pela tia-avó. Um espaço em que o Elevado jamais transitaria não fossem os goles abundantes e necessários de um dia anterior.
4 comentários:
Gosto muito qdo junta a sua pureza nata e sua agressividade tardia!!
Pri!
Adorei teu blog! E o texto inspirado na nossa noite de bebedeira também...o amanhecer...demais! Escreves muito, garota!
Ontem fomos lá de novo, sentimos tua falta...
Ah, no meu blog publiquei o poema coletivo...amo!
Beijos!
Sem marcações à caneta vermelha, Pri! rs
Sabe que música ficou ecoando em meus ouvidos de dentro, enquanto lia suas gotas pingadas da chuva de imagens?
Bem, estou tendo uma idéia aqui agora e acho melhor não te falar dessa canção... aliás, tenho que te pedir uma autorização: posso declamar este texto no nosso próximo sarau? quero ligá-lo a essa música que rasga meus anseios lusitanos...
bjo, bjo, bjo... espero que vc tenha visto meu email... corridinho, mas cheio de amor..rs
Ê, Lico. Gostei! Valeu.
Dé, vou publicar o poema coletivo aqui também! Engraçado. Vamos fazer outro logo!
Fê, pode ler este texto sim, mas eu tenho o direito de saber qual é a música, Pablo!
Postar um comentário