sexta-feira, 13 de abril de 2007

HOJE NÃO.



“Hoje não. Amanhã”. Ela sabia que uma hora passaria por isso. Já não se sentia mais bem-vinda na vida dele.
Por que "hoje não"? Tem alguém aí? Está ausente? Fazendo faxina?
Se hoje não, amanhã também não. Nunca mais.
Humilhação é pensar que seria capaz de passar na frente da casa daquela fulana para descobrir se o carro dele estaria por lá. Como gostava de um pouco de drama na vida, desejou se deparar com esse desgosto. Ainda bem que não estava. Foi melhor. Ela jura que arrebentaria a porta e o expulsaria dali a tapas! Sem-vergonha. Sua cama mal esfriou.
Resolveu ir para casa. Na ponte, pela primeira vez, sentiu vontade de chorar. Chorou de raiva. Por que ele mentiria? Ela não merecia. Sempre foi tão sincera, já confessou até não amá-lo.
Agora ela só queria que “amanhã” chegasse logo para recusá-lo, assim ele sentiria o mesmo gosto do choro salgado da ponte. Na esquina de casa, limpou o rosto na manga do casaco para que a irmã não percebesse nada. Limpou o pé no tapete, deu boa noite, espiou o filme que passava e foi dormir. Aquele coração apertando.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...