sexta-feira, 4 de maio de 2007

UM FRIO NAQUELE PONTO DE ÔNIBUS!



Fazia frio no ponto de ônibus naquela noite. Nada pra olhar, ler ou tomar. Olhei o relógio. Nove horas. Lembrei de você. Era o seu horário, o seu ponto. Você me emprestava aquele casaco preto antes que meus dentes começassem a bater.
Do outro lado da rua, homens bêbados no balcão de uma padaria falavam alto. Ao menos, me distraíam.
Quando o ônibus chegou, fiz sinal e ele parou. Com o pé no degrau e na mira dos olhos cansados do motorista, recuei. Uma esperança de te ver pela última vez. Mais uma vez, você me fazia passar frio.
O que eu diria se você aparecesse? Talvez atravessasse a rua para me esconder no meio dos homens e da cerveja. Talvez fosse melhor eu me preparar com uma dose de qualquer coisa com mais de 50% de teor  alcoolicoantes de você chegar. Por sorte era noite e não repararia na minha bochecha vermelha, que fica assim só quando eu vejo você, depois daquele dia.
“Filho da Puta! Traidor” - alguém gritou do outro lado da rua. Não era preciso olhar para saber que vinha da padaria. Lembrei de você e me arrependi de não ter tomado aquele ônibus barulhento. Senti vergonha do que fiz. Fiquei quente. Eu pegaria o próximo. Rezei para você não aparecer. O ônibus demorou. Atrasado. Como sempre. Como você.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...