segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A HORA DE DORMIR




As pálpebras dele enganchadas a âncoras. O bocejo contaminando. Ele resiste ao desmaio. Insônia como opção. Encher a cabeça de informação, porque quando tudo se aquietar e o corpo ceder, só um pensamento: a maneira como ela enrolava o cabelo num coque e sorria perguntando se estava bom. E o perfume dela que apareceu na noite passada, quando ele bebia sozinho num balcão, e a vontade de não identificar a pessoa, para não destruir essa reaproximação. Era como abraçá-la de novo. Igual ao episódio da farmácia, quando brigaram, conforto e promessas de vai-dá-tudo-certo-pra-sempre-eu-sei-que-vai.
O que falta não tem nome. É espaço inabitável. Acordar ao lado dela foi só miragem. Enquanto ele esfregava os olhos, ela desaparecia, levando aquele bônus de tranquilidade junto; e a sacolinha da loja de roupas com o secador e as calcinhas. 
Sonhar tem sido triste e difícil de desviar. Ele não vai controlar por muito tempo, em poucos minutos, ela protagonizará as mesmas histórias descontínuas. 
Ao despertar, ele vai se ocupar de livros e café e faxina, atividades que a dissipem. Algo que a faça adormecer até o próximo encontro. O próximo cansaço vencido.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...