sábado, 25 de fevereiro de 2012

ARRANHÃO NO MEIO DA NOITE


foi água que me acordou nessa manhã. não a chuva. não uma torneira aberta. não o mijo no colchão e nas pernas. era água salgada - mais do que a água do mar - se esfregando naquele lugarzinho onde a gente colore com lápis de olho. que droga. eu acordo e vejo o meu quarto embaçado, tudo por causa de um sonho.

você já amou alguma coisa? eu não tô falando desse gato cego que você maltrata com leite e o seu chinelo rude.  você já encurralou o rosto desse bicho com as suas mãos, porque dizer Eu te amo era muito pouco? porque sorrir pra ele era muito pouco? E como ele reagiu? com aquela cara de Senhora, eu sou só um gato de rua, você não pode me.

mas é que no meu sonho ele segurou a minha mão. você já viu isso? não, eu não tô falando do seu gato. ele segurou a minha mão e entramos na festa, siameses. eu me sentei no colo dele. ele usa calça jeans clara de noite também. eu me sentei em cima da calça jeans clara dele e agarrei o seu pescoço como se fosse a única coisa que eu precisasse. e beijei a boca dele como se fosse. você sabe. ele tem um rasguinho no lábio inferior, que eu gosto de morder quando estou sonhando. Eu espremi as bochechas dele com as palmas das minhas mãos e disse, sem ligar pras pessoas que lamentavam a minha cena, eu disse Eu te amo. e repeti. e repeti. e repeti durante a festa inteira. ele me olhava com aquela cara de Você me conhece demais pra fazer isso. mas eu amo, porra. e sou eu que está aqui em cima da sua calça jeans clara essa noite. e eu tenho medo de amanhã. mas dessa vez eu sei que é diferente. porque amanhã você também vai precisar de como eu te olho. e de como os meus braços te cercam nessa festa. e do amor que ninguém te declara todos os dias.

e então escancarei os olhos e vi meu quarto em blur. o ventilador rodava e tinha os meus diários, travesseiros, sutiãs, batons e o meu chinelo que ele não sabe nem de que cor prefiro. o livro que eu ganhei de um cara, porque ele gostava de mim. mas que eu não deixei que me cercasse do jeito que eu faço com ele quando sonho. meu sonho. o nosso único lugar.

e desse sonho - mais do que as luzes coloridas da festa violando a cara dele, a calça jeans clara, as mãos dadas, as minhas palmas apaixonadas - se destaca expressão dele. como se triste pelo que eu repetia e repetia e repetia. eu te conheço demais, é verdade.

por isso as gotas de mar. e sonho.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

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o que você chamou de fissura, eu batizei amor. meu amor. psicoticamente devotado. meu way of love.

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

essa noite tive medo. você dormindo na periferia da cidade. sem acesso às leis do lugar. você deixou a janela aberta? não repita isso. além de baratas e pernilongos, elas convidam gente mal intencionada e sorte sua não ser mulher fisicamente para o pior lhe acontecer. você dorme com aquela bermuda xadrez ou a tem dispensado. mesmo aqui no centro da cidade, onde é mais alto e fresco, tem feito calor. durmo nua para não molhar camisolas. o ventilador quebrou e o dinheiro usei para quitar o fogão. eu tenho cozinhado todas as noites e me lembro de você quando uso alecrim. uma pena ter deixado a minha muda morrer. como fiz com você. uma pena.

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Não raramente perco a esperança.
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

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olhei pra sua foto e ela não tinha mais aquela luz cafona que te circundava. o tempo venceu, meu amigo.


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