terça-feira, 23 de novembro de 2010

" a gente arruma cada merda pra se ocupar quando tá fodido. tudo pra fingir que não é com a gente. " (aos ossos que tanto doem no inverno - sergio mello)

eu arrumo companhia. qualquer coisa pra interromper o pensamento. e nem sempre eu consigo. no meio do samba, deu vontade de chorar. e eu até chorei. porque tava escuro. mas alguém reparou e veio falar comigo e. eu tentei cantar a música bem alto como se. eu consegui por sete segundos. eu quase me convenci de que não me importava. mas eu acho que sim. mais com a minha postura (ou falta?) do que com. acho mesmo é que a cerveja me deixou puta. não tava quente. era brahma. tudo perfeito. eu perfeita. um vestido bonito. olhos destacados. perfeita até o topo do meu limite. mas de que adianta? é tudo superficial mesmo. não vai ser isso que. eu não consigo ser melhor. só burra. mais uma vez BURRA. pela décima, centésima vez BURRA.  por isso eu sorri e tentei mais uns goles. os copos que não te deixam olhar pra trás até que. até que você precise sorrir de novo porque Tá tudo bem, magina. ninguém reparou. ninguém nunca repara no que a gente pensa. eu também não reparei. ainda não. não tive tempo pra.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu achei que. De verdade. Eu achei mesmo que.

#jonfossefeelings

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um amigo me escreveu:
gosto até do jeito como ela atende o celular. Um alô prolongaaado. Como se precisasse desses frames para perceber antes quem chama do outro lado. Uma brincadeira tola. Gosto de achar que ela sorri depois disso.

Eu fiquei pensando se ele é um cara mesmo.

sábado, 16 de outubro de 2010


que não sou esse sorriso integral, já sei. mas escondi. quando o cansaço de Me Parecer Com chegou - ou a fraqueza rasgou os trapinhos que cobriam o meu Não Tem Tempo Ruim - tudo que era falso fugiu. tudo em que não cabia o meu discurso. que coração é esse que se calou por tantas festas? não sou dura. e isso é graça. não sou Foda-se. e isso também deve ter charme. Menos fluorescente, mas tem. eu não entendo o que acontece até verbalizar. e fui educada pelo silêncio. Não preciso. não preciso de foto bonita pra mostrar. só pra ver. tento me olhar. foto bonita não existe. eu acho - ou é sugestão de raras e cortantes indelicadezas. meu caráter não é bronzeado e nem tem a bunda grande. e eu nunca fui com a cara dele. mas tem gente que vai. bastante. tanto que me convence. eu acredito em você. apesar de todas aquelas noites, eu acredito. e talvez o que o mundo proponha não seja pra gente. talvez eu não consiga lidar com o que é nosso. mas como eu gosto. porque o dia em que eu apagar todas as ruas pelas quais passamos e aquela padaria não me segredar mais nada, além de pão, eu posso ter encaixado outra pessoa dentro da cabeça e das minhas páginas. e não vou nem pensar na saudade de nunca tentar. estranho é como as situações se invertem. a tristeza só pra mim. pros meus sonhos egoístas e frustrados. pra gente, sobra a diversão contaminando a nascente de mais um dia. Poderia ser divertido, mas é melhor olhar pra depois.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

*

hoje de manhã eu olhei pro relógio, pro céu e vi que esquentou. decidi fazer o caminho mais longo. só pra conhecer mais a cidade. colorir os ombros de rosa e sorrir pros comentários das senhorinhas de higienópolis. no caminho, os pedreiros não me cantaram. os carros não pararam para eu correr. ninguém me deu bom dia, nem olhar. Não vi um bebê sequer. Mas eu tava feliz. e leve. e era disso que eu precisava.

*

terça-feira, 14 de setembro de 2010

FOI NO MEIO DE UMA MADRUGADA...

Foi no meio de uma madrugada. Ele, ofegante. Os carros cambaleavam lá fora. Encobertos pelo céu, que exalava garrafas de cerveja quebradas. Ofegante e um pouco bêbado. O lençol enrugava a cada beijo. A saliva rangia, rasgando o silêncio de últimas linhas. O bar pós-cinema. O quarto depois do bar. Ele. Longe dali. Talvez pelo supermercado. Ou descendo a rua. E uma música cantando Só sei dançar com você Isso é o que o amor faz. 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

OS TONS DE FUMAÇA...

*
os tons de fumaça me algemam à lembrança de uma frase, declarada apenas depois do vidro ou escrita a dedo e água na mesa do bar ou proferida em outra língua. esse pouco que me preencheu. anexado à embriaguez romântica de um amor-pra-sempre só meu. esse material para sonhos que renego ao acordar. me perguntando Como ainda podem invadir a fina pele de tranquilidade. enquanto o coração entediado insiste num telefonema de Bom dia ou algum outro sentimento sem maquiagem, sem roupas. só pele, pintas e pelos. eu aqui fingindo que Tudo indo. fingindo? talvez fingindo que ainda é. em busca do sentido que existia quando uma mão procurava a outra. procurava um gole. a gola da camiseta. a mecha de cabelo. e todo esse mínimo que esquentava. acordava. e fazia a vida assim com um porquê.

*

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UM ACONCHEGO PARA A TV...



um aconchego para a TV, umas páginas impressas, algodão para desborrar a maquiagem e meu engov. a água escandalosa na cozinha anuncia mais uma precoce manhã. como essas de dias úteis. um amor guardado num filme de 36 poses, nem bom dia me gasta mais. fadiga do tempo que não dou valor pressas coisas. onde posso esconder suspiros e recordações do que não houve? e todos aqueles meus comentários bobinhos que costumo tacar quando sorrio pralguém atrás da garrafa de cerveja. no silêncio da minha sala. dentro de um buraco negro olhar. quanto precisa medir a mudez de meus impulsos pra amolecer a sua?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

BEIJO DE CONCRETO




a lua eu não alcanço da janela. moro baixo. nem sonhar com minhas bolhas de sabão, transportando doces recadinhos, eu exalo mais. os suspiros tropeçaram na última lágrima. e não mais sangram. secaram a queda. escapei do quadro azul com flores, que toca palavra suave e bongô. os números de telefone do passado se espremem dentro de curtos finais de semana. o passado foi há dois dias. na minha janela, outras janelas. nos meus pés, meias. e outros pés. ao meu lado, um chá que derruba. na minha cabeça, um vento agressivo e algum abraço forte. a garganta teme a volta do silêncio.

sábado, 21 de agosto de 2010

EU NÃO SOU DE TOQUE...

Eu não sou de toque. de abraço. de falar próximo. eu não tomo essas rédeas. tô aprendendo, mas. me sinto desonesta quando faço. é tão raro. mas hoje eu abracei. talvez o meu primeiro abraço sincero. cheio daquela vontade que corta o raciocínio. a minha vó morreu há dez anos. foi novembro. meu namorado tinha acabado comigo há dois dias. eu já tava triste demais. eu não fui ao hospital para uma visita, mas acho que ela estava de camisolinha e penhoir, onde ela escondia as bolachas maisena. hoje à noite eu abracei a minha vó. ela falava da vida dela. acho que eu quis agradecer. ela sempre foi muito fechada. falava pouco e, para a minha frustração, nunca de como conheceu o meu avô. durante a conversa, um acordo: eu dei a ela um diário e ela me prometeu escrever todos os dias nele. estranhamente eu sabia que ela morreria logo, talvez daqui a dois ou três momentos do meu sonho. mas eu não quis deixar passar a vontade de abraçar. e não me arrependo. abracei alguém na hora que senti que tinha que fazer. depois, pode ser que não fizesse sentido. como me disse um amigo ontem: a vida é agora. é isso aí. a vida é agora. não é no próximo fim de semana. porque se a gente espera o próximo fim de semana já é um sinal de que ele não vem.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PUF!

Era noite. Hoje, só me lembro de que era noite. Nem o mês. O lugar. A roupa que vestia. A temperatura do toque. Do teu nome. O gosto do teu silêncio eu já varri. O encanto eu sequei. Cada pedaço de dor padece indigente nas fotografias. Hoje, não sei nem do que se tratam aquelas linhas. Como se não fosse minha aquela vida. Apenas emprestada por alguns gelados meses. Subi num palco, texto decorado e fingi. E quando sonho é sempre intrometida e distante a tua figura. A fadiga me impôs o bloqueio. Hoje, quem é você mesmo? Porque só me lembro de que era noite. E hoje o silêncio vem do meu corpo. Que talvez já tenha te conhecido. Mas eu não sei.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

FOI PORQUE FAZIA FRIO...

Foi porque fazia frio, me lembrei, não temos mais Lins. Quando olhei pro céu, era cinza. O horizonte me foi proibido. Só havia concreto. Interrompido por algumas janelas alinhadas umas em cima das outras. Em Lins o céu sempre foi azul claro, mesmo quando eu usava casaco grosso. Mesmo quando não podia dormir de cabelo molhado. Mesmo quando o edredon me acalorou por tantas manhãs. É claro que a propriedade nunca foi de meu pai. Também, é claro, que em outros tempos poderia ter sido. Estar em Lins era como pausar a vida pra refletir sobre o trivial. Ter um carro, ter uma casa, odiar uma sogra, a cor das unhas, acompanhar novela, ou, no meu caso, receber essas informações enquanto as sobremesas chegavam à mesa, alguém cochilava na boia rosa e a tia dormia depois do almoço. Hoje, as fotos. Nunca reveladas, nunca impressas e já até perdidas em pastas confusas dentro de computadores que vão ao conserto e voltam quilos de arquivos mais magros. Hoje, a falta do céu da cidade. Cheio de nuvens. Temperando o azulzinho. E meu rosto encarando. A foto se desmanchando nos próximos anos.

sábado, 7 de agosto de 2010

*

chocada. sentimento desintegrado. escorreu pelo ralo do banheiro. com cabelo e sangue. como antes, as lágrimas. a sinceridade do meu amor. tudo isso agora é esgoto. e fede.

*

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

*

Como folhas apagadas. ou desperdiçadas. Pegadas falsas. Como um caso fantasma. Acordo do inferno que fiz sonho.

*

sexta-feira, 23 de julho de 2010

NIGHTS

não há noite em que passe pelo portão do edifício em que mora, sem buscar o olhar do porteiro. aguarda um recado há meses. espera tanto e há tanto tempo. mas o porteiro, quando não lhe esconde o rosto, apenas balbucia um boa noite tímido e carregado de sotaque. perdeu o recado ou presenteou algum outro morador mais feliz? sabe, enquanto atravessa o caminho de pedrinhas portuguesas, reformado há dois meses, que caiu no esquecimento. mais uma vez. o recado nunca virá. foi só mais uma promessa que um dia ouviu. dessas ocas que, recém-nascidas, evaporam ou escorregam por um bueiro, e que acreditou, talvez pelo descostume, talvez por uma inocência forçada.


no elevador - em que já estiveram e que não se lembra, culpa do sentimento tempestuoso que a agride na presença dele - o recado é tão passado quanto estar com ele. é que a insistência e o cansaço do que sente volta enquanto assiste a um dvd ou estende os lençóis.

já no segundo andar, não pensa mais em recado. nas noites entupidas daquele sorriso que quase fala de tão vivo, e que reprime possíveis palavras, porque sabe, no fundo sabe que o pouco que escorre pelos seus lábios é o suficiente para aprisionar mais um coração.

no segundo andar, ele também foi esquecido. mesmo assim, no dia seguinte, enquanto o trânsito que acabou de superar ou uma calçada cheia de buracos preenchem a cabeça dela, talvez zere os pensamentos e olhe para o porteiro, ansiosa por uma novidade.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ALGUM INTRUSO



A jovem escapa de um filme duro e real, enquanto pensa nas paredes, que poderia derrubar, do apartamento alugado num bairro cheio de cinemas e que talvez, um dia, compre. Lembra-se da cama carioca da amiga que é vista da sala de estar, mas também do cheiro de fritura de carne que pode invadir as tardes, produtivas ou não, dedicadas ao computador. O que se aproxima do seu ideal de lugar? Aquele que quase leva o seu sobrenome ou perfume de tão impregnado nela. Trânsito, vale-refeição, obediência, cartão de ponto, parcela de carro e a conta da TV a Cabo, itens da sua sobrevivência. O tempo gasto com a construção de uma vida que um dia pode não mais lhe pertencer. A fantasia deixando-se atormentar pela bela e violenta figura de alguém que invade a rotina que hoje só pertence a ela. Rotina sem gatos, peixes e i-pods. E quando pensa no intruso...  Descarta as folhas rascunhadas no lixo. Acrescenta tijolos de qualidades, até chegar num potótipo suportável, ausente de problemas. Absurdo e sedutor. E quanto mais inventa, mais se conscientiza da distância entre o apartamento das paredes derrubadas e o lugar ideal.

domingo, 30 de maio de 2010

HÁ DIAS EM QUE A SAUDADE...

há dias em que a saudade explode de um jeito e eu que não sou do tipo que costuma trancar sentimento sinto necessidade de verbalizar o que transborda com a saliva. disparo abraços sóbrios e inconsequentes me esquecendo sempre das previsíveis réplicas silenciosas. ecoando nas horas. me encho. desisto. espero. daqui uns dias tudo volta. a esperança, uma lágrima, as notas daquela música. a dúvida. de onde ainda vem a minha vontade de acreditar?

terça-feira, 20 de abril de 2010

O TEMPO COMO ALIADO...

*

o tempo como aliado. foi minha única saída. uma estrada calma, luz amarela e um vento que visita pra refrescar. prefiro ter deficiências que travam meu pescoço. gosto de não ter olhos nas costas. hoje sou a decisão que tomei. mas quando olho para ela. pro fundo dos olhos dela. e em seguida espio o meu passado em uma revista... penso que nada será tão intenso. pessimismo tolo.

*

sábado, 17 de abril de 2010

PASSAGEIRO

queria sentir. porque é daí que tudo parte. mas no jantar com o juarez. no geni com a tuta. na praça com o celso, o cacalo. na cama comigo. aqui com as suposições. nada abala. foi tudo previsto. predito. eu sabia onde me enterrava, mas não por isso me engessei. é que não via esperanças. pessoas são como são. mudanças não afetam dunas. que mesmo com a sedução do vento, não deixarão de ser dunas. e aí você decidiu que minhas conclusões eram imutáveis. e eu pensei o mesmo sobre seus impulsos. e o resultado foi voltar à largada. sem repetir a corrida. desta vez quero deslizar por outras pistas.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

SOBRE ENGANOS E/OU EXAGEROS

Para uma atriz gostosa ler:

Um dia você me pediu Quero ler um texto que você tenha escrito pra mim. Que desejo invasivo! Essas coisas, não divido. Quem já foi homenageado, não desconfia. Os que já foram citados, inflam-se ao fim da última linha. Seu pedido me deixou desconcertada. Como seria capaz de embelezar às pressas palavras que não sentia? Mentira pra mim é coisa feia. Mas secretamente, decidi que treinaria. Obrigada pela ajuda. Adorei olhar dentro dos seus olhos e responder às saudades que piscavam em meu celular durante as madrugadas. Uma pena o fim ter chegado antes do gosto da próxima saliva. Que se misturaria à sua no dia seguinte. Sem o mínimo remorso.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

eu imagino uma faixa de sol decorando a sala...
imagino o barulho da chuva cutucando a janela de alumínio... e tempestade guerreando com calças jeans e toalhas quase secas.
penso no cheiro de café que deve fazer toda manhã e no quanto os azulejos azuis deixam o ambiente mais escuro.
e na campainha tocando... quebrando a minha solidão.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

É BOM?

É fato Não sou de pontos finais Gosto de preencher a folha toda Espremer as letras pra tudo caber Amontoar cada frase vivida Até o último espaço livre.
Sou de esgotar páginas

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ESCADA

*
Não me lembro do que ele disse. Desperdicei esse segundo vasculhando manchas vermelhas em seu rosto, alguma gota de suor ou um sorriso reprimido. Algo que denunciasse um coração disparado. E quando os meus sinais estavam próximos de arrebentar a discrição eu fui embora sem olhar para trás.
Desconfio que ele tenha me dito oi.
*
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...