sexta-feira, 23 de novembro de 2007

NECESSIDADE DE ROMANCE

(Coluna para o site Guia da Semana)

 

Voltei insatisfeita do meu final de semana, que não foi preenchido com um único filme, ou mesmo um seriado. Pois é, perdi a reprise dos capítulos de “American Idol”. Choro com as histórias tristes e me arrepio com uma boa voz feminina. Esperar por “Grey’s Anatomy”, uma das séries mais românticas do momento, seria insano. Dez da noite, não mesmo! Eu queria naquele momento. Vou tentar esquecer aquele hospital e comprar a caixa com todos os episódios no final da temporada. Assim resolvo todos os meus problemas. É isso! Paro de assinar a TV a Cabo, assim me livro das (até) oito horas diárias em frente à televisão, conseqüentemente economizo os R$ 79,99, guardo no meu porquinho e no final do ano compro todas as temporadas dos futuros clássicos da TV Americana! Lorelai e Rory Gilmore estão na lista.

Fui me consolar no teatro. Precisava de emoção. A peça era infantil. Como tudo estava valendo, chorei logo que li o texto do programa. A peça era linda. Tinha romance! Mas era “criança” demais para os meus planos.

De repente um “insight”. Alguma voz ou a “Nanda” soprou no meu ouvido de onde vinha a minha repentina necessidade de romance. Por que me veio a vontade de escrever um texto com o título “Necessidade de Romance”. Tudo aconteceu de manhã quando ouvi as palavrinhas mágicas! Não, mamães, não é “por favor”, nem “obrigado”. É “Orlando Bloom”. Não é obsessão pelo ator. “Jennifer Aniston”, “Antes do Pôr-do-Sol” e “Débora Falabella” me despertam a mesma necessidade. Meu repertório de comédias românticas me denuncia a qualquer um. Sou fã! Não nego. Chega! Passei a vida inteira com vergonha de confessar que Sandy, a mocinha de Grease é a minha musa inspiradora.

Parecia abstinência: eu precisava de “Tudo Acontece em Elizabetown”. Só pensava na cena em que os dois passam horas no telefone. A Kirsten é demais. Eu quero usar top marrom e touca vermelha pra chegar um pouco mais perto do que é a Claire (personagem dela no filme, se você é uma mulher romântica, já sabe). Como se um figurino besta me tornasse uma pessoa rodeada de romance, com atitudes românticas. Quando cheguei na vídeo-locadora, um “alugado” era a última notícia que eu queria ouvir! Eu teria de ir pra casa sem a minha pitada de romance. Eu fui. Fazer o quê?

Por que será que eu precisava dessa superficialidade toda? Por que é que quando eu fuço a vida de uma pessoa que ama as flores, a família, a horta e um marido que lhe serve vinho tinto, depois de um dia pesado, todo esse amor parece tão mais intenso do que as coisas que eu vivo?

Size The Day! Carpe Diem! Talvez se eu respeitasse isso, o amor não faria falta. Eu não acordaria em minhas madrugadas para ligar a TV e assistir a alguma história espontânea de amor. Acho que eu quero viver aquilo, do mesmo jeito. Se eu pensar que a minha vida é uma trama tão romântica quanto todas as comédias e novelas e séries que acompanho, talvez eu parasse com essa coisa de “necessidade”. É que sou tão ansiosa, quero ver logo o final feliz da minha história.

Acabo me enganando o tempo inteiro lendo revistas de bem-estar, tentando seguir os passos à risca para ser feliz no amor, na carreira, para dar um passo ousado, para criar um ambiente harmonioso (sem feng shui, pelo amor de Deus) em que eu possa viver e trabalhar. Sinceramente nunca cumpri nada do que, um dia, concordei em fazer ao ler essas matérias. Eu mereço passar por essa necessidade! Vivo planejando o meu romance e o resto da minha vida. E tudo fica só nos planos. Quando paro pra pensar na minha música, na nossa, descubro que não tenho. Quando quero te presentear, erro, não presto mais atenção em ninguém que não possa receber um Oscar ou Emmy um dia. Quando quero rever as fotos das pessoas e lugares que um dia conheci, não vejo, pois tive preguiça de bater.

Enquanto isso eu desprezo o meu tempo e tudo o que eu poderia fazer de diferente agora e projeto a minha felicidade nos romances dos outros, como se fossem meus.

 

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