sábado, 21 de agosto de 2010

EU NÃO SOU DE TOQUE...

Eu não sou de toque. de abraço. de falar próximo. eu não tomo essas rédeas. tô aprendendo, mas. me sinto desonesta quando faço. é tão raro. mas hoje eu abracei. talvez o meu primeiro abraço sincero. cheio daquela vontade que corta o raciocínio. a minha vó morreu há dez anos. foi novembro. meu namorado tinha acabado comigo há dois dias. eu já tava triste demais. eu não fui ao hospital para uma visita, mas acho que ela estava de camisolinha e penhoir, onde ela escondia as bolachas maisena. hoje à noite eu abracei a minha vó. ela falava da vida dela. acho que eu quis agradecer. ela sempre foi muito fechada. falava pouco e, para a minha frustração, nunca de como conheceu o meu avô. durante a conversa, um acordo: eu dei a ela um diário e ela me prometeu escrever todos os dias nele. estranhamente eu sabia que ela morreria logo, talvez daqui a dois ou três momentos do meu sonho. mas eu não quis deixar passar a vontade de abraçar. e não me arrependo. abracei alguém na hora que senti que tinha que fazer. depois, pode ser que não fizesse sentido. como me disse um amigo ontem: a vida é agora. é isso aí. a vida é agora. não é no próximo fim de semana. porque se a gente espera o próximo fim de semana já é um sinal de que ele não vem.
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