segunda-feira, 12 de novembro de 2007

UMA FESTA SEM CERVEJA

Ele conversava com dois amigos. Os três usavam verde. Só ele bebia Coca-Cola.
Ele conversava com dois amigos quando ela entrou na festa de azul, sorriso ansioso e olhos pintados.
O DJ tocava um samba triste. Não ficaria até tarde. Foi para espiar o movimento. Passou por trás dele de propósito. Passou reto.
Quando ele olhou para trás o cabelo vermelho dela já cruzava a porta de saída.
Não teve coragem de deixar o salão antes de ter a certeza de que ela não estaria do lado de fora. Nem na rua. Nem nos ares. Nem no seu caminho. Nem mesmo dentro do carro de outra pessoa, parado na frente do prédio dela.
Não teve coragem de olhar nos olhos de quem a acompanhava.
Chegando em casa, abriria a garrafa de vinho e quebraria o pacto com a melhor amiga de não encher a cara. Já embriagado pensaria nela e se controlaria mais uma vez para não discar o número do seu telefone. Sempre se contendo. Sempre disfarçando. Sempre fingindo que ela não importa.
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