segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UM ACONCHEGO PARA A TV...



um aconchego para a TV, umas páginas impressas, algodão para desborrar a maquiagem e meu engov. a água escandalosa na cozinha anuncia mais uma precoce manhã. como essas de dias úteis. um amor guardado num filme de 36 poses, nem bom dia me gasta mais. fadiga do tempo que não dou valor pressas coisas. onde posso esconder suspiros e recordações do que não houve? e todos aqueles meus comentários bobinhos que costumo tacar quando sorrio pralguém atrás da garrafa de cerveja. no silêncio da minha sala. dentro de um buraco negro olhar. quanto precisa medir a mudez de meus impulsos pra amolecer a sua?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

BEIJO DE CONCRETO




a lua eu não alcanço da janela. moro baixo. nem sonhar com minhas bolhas de sabão, transportando doces recadinhos, eu exalo mais. os suspiros tropeçaram na última lágrima. e não mais sangram. secaram a queda. escapei do quadro azul com flores, que toca palavra suave e bongô. os números de telefone do passado se espremem dentro de curtos finais de semana. o passado foi há dois dias. na minha janela, outras janelas. nos meus pés, meias. e outros pés. ao meu lado, um chá que derruba. na minha cabeça, um vento agressivo e algum abraço forte. a garganta teme a volta do silêncio.

sábado, 21 de agosto de 2010

EU NÃO SOU DE TOQUE...

Eu não sou de toque. de abraço. de falar próximo. eu não tomo essas rédeas. tô aprendendo, mas. me sinto desonesta quando faço. é tão raro. mas hoje eu abracei. talvez o meu primeiro abraço sincero. cheio daquela vontade que corta o raciocínio. a minha vó morreu há dez anos. foi novembro. meu namorado tinha acabado comigo há dois dias. eu já tava triste demais. eu não fui ao hospital para uma visita, mas acho que ela estava de camisolinha e penhoir, onde ela escondia as bolachas maisena. hoje à noite eu abracei a minha vó. ela falava da vida dela. acho que eu quis agradecer. ela sempre foi muito fechada. falava pouco e, para a minha frustração, nunca de como conheceu o meu avô. durante a conversa, um acordo: eu dei a ela um diário e ela me prometeu escrever todos os dias nele. estranhamente eu sabia que ela morreria logo, talvez daqui a dois ou três momentos do meu sonho. mas eu não quis deixar passar a vontade de abraçar. e não me arrependo. abracei alguém na hora que senti que tinha que fazer. depois, pode ser que não fizesse sentido. como me disse um amigo ontem: a vida é agora. é isso aí. a vida é agora. não é no próximo fim de semana. porque se a gente espera o próximo fim de semana já é um sinal de que ele não vem.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PUF!

Era noite. Hoje, só me lembro de que era noite. Nem o mês. O lugar. A roupa que vestia. A temperatura do toque. Do teu nome. O gosto do teu silêncio eu já varri. O encanto eu sequei. Cada pedaço de dor padece indigente nas fotografias. Hoje, não sei nem do que se tratam aquelas linhas. Como se não fosse minha aquela vida. Apenas emprestada por alguns gelados meses. Subi num palco, texto decorado e fingi. E quando sonho é sempre intrometida e distante a tua figura. A fadiga me impôs o bloqueio. Hoje, quem é você mesmo? Porque só me lembro de que era noite. E hoje o silêncio vem do meu corpo. Que talvez já tenha te conhecido. Mas eu não sei.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

FOI PORQUE FAZIA FRIO...

Foi porque fazia frio, me lembrei, não temos mais Lins. Quando olhei pro céu, era cinza. O horizonte me foi proibido. Só havia concreto. Interrompido por algumas janelas alinhadas umas em cima das outras. Em Lins o céu sempre foi azul claro, mesmo quando eu usava casaco grosso. Mesmo quando não podia dormir de cabelo molhado. Mesmo quando o edredon me acalorou por tantas manhãs. É claro que a propriedade nunca foi de meu pai. Também, é claro, que em outros tempos poderia ter sido. Estar em Lins era como pausar a vida pra refletir sobre o trivial. Ter um carro, ter uma casa, odiar uma sogra, a cor das unhas, acompanhar novela, ou, no meu caso, receber essas informações enquanto as sobremesas chegavam à mesa, alguém cochilava na boia rosa e a tia dormia depois do almoço. Hoje, as fotos. Nunca reveladas, nunca impressas e já até perdidas em pastas confusas dentro de computadores que vão ao conserto e voltam quilos de arquivos mais magros. Hoje, a falta do céu da cidade. Cheio de nuvens. Temperando o azulzinho. E meu rosto encarando. A foto se desmanchando nos próximos anos.

sábado, 7 de agosto de 2010

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chocada. sentimento desintegrado. escorreu pelo ralo do banheiro. com cabelo e sangue. como antes, as lágrimas. a sinceridade do meu amor. tudo isso agora é esgoto. e fede.

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

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Como folhas apagadas. ou desperdiçadas. Pegadas falsas. Como um caso fantasma. Acordo do inferno que fiz sonho.

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