terça-feira, 28 de outubro de 2008

IÔ-IÔ

para C.

Me implora romântico, por carta:


Me enrola em lençóis e mentiras,

que eu topo mais uma vez.

A penúltima.


Guardo na bolsa. O papel tem seu perfume. Eu sei que você fez de propósito. Releio entre uma rua e outra. Dia após dia. Mas as palavras vão escorrendo. Apagam-se a cada semana que passo sem notícias suas. E quando, como pelas folhas de sulfite, já não procuro mais por lembranças daquele domingo, outra carta:


Me esquece.


Essa, rasgo. Acomodo os pedaços dentro de uma caixa, caso me arrependa mais tarde. Seu texto me enjoa. É repetitivo. Num berro, escrevo também. Desta vez, por necessidade de preencher linhas. Apenas.

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