segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A HORA DE DORMIR




As pálpebras dele enganchadas a âncoras. O bocejo contaminando. Ele resiste ao desmaio. Insônia como opção. Encher a cabeça de informação, porque quando tudo se aquietar e o corpo ceder, só um pensamento: a maneira como ela enrolava o cabelo num coque e sorria perguntando se estava bom. E o perfume dela que apareceu na noite passada, quando ele bebia sozinho num balcão, e a vontade de não identificar a pessoa, para não destruir essa reaproximação. Era como abraçá-la de novo. Igual ao episódio da farmácia, quando brigaram, conforto e promessas de vai-dá-tudo-certo-pra-sempre-eu-sei-que-vai.
O que falta não tem nome. É espaço inabitável. Acordar ao lado dela foi só miragem. Enquanto ele esfregava os olhos, ela desaparecia, levando aquele bônus de tranquilidade junto; e a sacolinha da loja de roupas com o secador e as calcinhas. 
Sonhar tem sido triste e difícil de desviar. Ele não vai controlar por muito tempo, em poucos minutos, ela protagonizará as mesmas histórias descontínuas. 
Ao despertar, ele vai se ocupar de livros e café e faxina, atividades que a dissipem. Algo que a faça adormecer até o próximo encontro. O próximo cansaço vencido.


15 comentários:

Carolina Loyola Gimenez disse...

Tortura de fim de amor perfeitamente descrita, Benza Deus Priscila, assim vc me mata hahaha.
"Ao despertar, ele vai se ocupar de livros e café e faxina, atividades que a dissipem."

Que venham os livros, cafés e um pouco de faxina pra quem ta curando de dor de amor.
Amei como sempre !

Unknown disse...

Carol, nossa, nossa. rs
obrigada pela passagem. que venham livros, cafés e outros amores! :)


Procopio disse...

Nicolielo mais uma vez mandando bem.
Esse de hj é contundente. Ando fazendo bastante faxina e lendo nessas ultimas semanas.
Gosto muito das imagens que crias.

De uma melancólicamente poéticas...

Acho que gosto mais dos seus textos curtos, eles vem assim como um baque seco. Interessantes!

Bjo!

@chagas_tayna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
@chagas_tayna disse...

LINDOOO, show. Caramba você tem um dom de descrever os aconteciemntos de maneira tão detalhada, tão imaginativa. Cada texto seu que eu leio eu imagino exatamente aquilo que você escreve. Parabéns e por favor NUNCA pare de escrever, você arrasa!

Jéssica disse...

Que lindo Priscila!

'a maneira como ela enrolava o cabelo num coque e sorria perguntando se estava bom.' eu faço isso sempre!
esses seus textos curtinhos, são melancólicos mas são uma delicinha pra ler num final de tarde como essa. adoro!
confesso que entro aqui quase todos os dias pra saber se você já postou alguma coisa nova, mas tô sempre lendo os mais antigos também, e adorando tudo! :)))

Vanessa Simões disse...

"O que falta não tem nome. É espaço inabitável."
Deixa de ser linda, pri!

Unknown disse...

Amo, gnt! Obrigada por perderem minutinhos lendo o que escrevo. Os comentários de vcs me ajudam a entender mais sobre esse meu personagem que escreve.
:)
Beijos,

Van Mortícia disse...

"O que falta não tem nome. É espaço inabitável. Acordar ao lado dela foi só miragem."
Lindo, lindo Priscila! Parabéns mais uma vez pelo seu texto. Ele é muito bom no geral, mas sempre tem um trechinho que nos prende,né? rsrsrs
Um grande abraço Pri ;)

Unknown disse...

obrigada, van. cada um percebe o trechinho que toca mais. :)
beijos

Anônimo disse...

"E o perfume dela que apareceu na noite passada, quando ele bebia sozinho num balcão, e a vontade de não identificar a pessoa, para não destruir essa reaproximação."

Perfume, perfume, perfume. Bá, o problema sempre fica aí... Ótimos textos. Mesmo mesmo.

Priscila Bettcher disse...

WOOOOLLL..amei! *-* Adoro a forma como suas palavras tomam forma, querida Priscila. Estou sempre dando uma passadinha por aqui, para apreciar sua maneira de escrever.

"Ao despertar, ele vai se ocupar de livros e café e faxina, atividades que a dissipem."

bj

Anônimo disse...

Que bom que descobri seu blog! Lindas combinações de palavras.

Unknown disse...

oba! venha mais! ;) beijos,

@chagas_tayna disse...

Palavras profundas que me fazem refletir sobre um tempo passado. Já disse e torno arepetir: Essa sinceridade e veracidade nos seus textos é o que os deixam melhores do que já são. Amei!

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