quarta-feira, 4 de agosto de 2010

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Como folhas apagadas. ou desperdiçadas. Pegadas falsas. Como um caso fantasma. Acordo do inferno que fiz sonho.

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

NIGHTS

não há noite em que passe pelo portão do edifício em que mora, sem buscar o olhar do porteiro. aguarda um recado há meses. espera tanto e há tanto tempo. mas o porteiro, quando não lhe esconde o rosto, apenas balbucia um boa noite tímido e carregado de sotaque. perdeu o recado ou presenteou algum outro morador mais feliz? sabe, enquanto atravessa o caminho de pedrinhas portuguesas, reformado há dois meses, que caiu no esquecimento. mais uma vez. o recado nunca virá. foi só mais uma promessa que um dia ouviu. dessas ocas que, recém-nascidas, evaporam ou escorregam por um bueiro, e que acreditou, talvez pelo descostume, talvez por uma inocência forçada.


no elevador - em que já estiveram e que não se lembra, culpa do sentimento tempestuoso que a agride na presença dele - o recado é tão passado quanto estar com ele. é que a insistência e o cansaço do que sente volta enquanto assiste a um dvd ou estende os lençóis.

já no segundo andar, não pensa mais em recado. nas noites entupidas daquele sorriso que quase fala de tão vivo, e que reprime possíveis palavras, porque sabe, no fundo sabe que o pouco que escorre pelos seus lábios é o suficiente para aprisionar mais um coração.

no segundo andar, ele também foi esquecido. mesmo assim, no dia seguinte, enquanto o trânsito que acabou de superar ou uma calçada cheia de buracos preenchem a cabeça dela, talvez zere os pensamentos e olhe para o porteiro, ansiosa por uma novidade.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ALGUM INTRUSO



A jovem escapa de um filme duro e real, enquanto pensa nas paredes, que poderia derrubar, do apartamento alugado num bairro cheio de cinemas e que talvez, um dia, compre. Lembra-se da cama carioca da amiga que é vista da sala de estar, mas também do cheiro de fritura de carne que pode invadir as tardes, produtivas ou não, dedicadas ao computador. O que se aproxima do seu ideal de lugar? Aquele que quase leva o seu sobrenome ou perfume de tão impregnado nela. Trânsito, vale-refeição, obediência, cartão de ponto, parcela de carro e a conta da TV a Cabo, itens da sua sobrevivência. O tempo gasto com a construção de uma vida que um dia pode não mais lhe pertencer. A fantasia deixando-se atormentar pela bela e violenta figura de alguém que invade a rotina que hoje só pertence a ela. Rotina sem gatos, peixes e i-pods. E quando pensa no intruso...  Descarta as folhas rascunhadas no lixo. Acrescenta tijolos de qualidades, até chegar num potótipo suportável, ausente de problemas. Absurdo e sedutor. E quanto mais inventa, mais se conscientiza da distância entre o apartamento das paredes derrubadas e o lugar ideal.

domingo, 30 de maio de 2010

HÁ DIAS EM QUE A SAUDADE...

há dias em que a saudade explode de um jeito e eu que não sou do tipo que costuma trancar sentimento sinto necessidade de verbalizar o que transborda com a saliva. disparo abraços sóbrios e inconsequentes me esquecendo sempre das previsíveis réplicas silenciosas. ecoando nas horas. me encho. desisto. espero. daqui uns dias tudo volta. a esperança, uma lágrima, as notas daquela música. a dúvida. de onde ainda vem a minha vontade de acreditar?

terça-feira, 20 de abril de 2010

O TEMPO COMO ALIADO...

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o tempo como aliado. foi minha única saída. uma estrada calma, luz amarela e um vento que visita pra refrescar. prefiro ter deficiências que travam meu pescoço. gosto de não ter olhos nas costas. hoje sou a decisão que tomei. mas quando olho para ela. pro fundo dos olhos dela. e em seguida espio o meu passado em uma revista... penso que nada será tão intenso. pessimismo tolo.

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