quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CELULAR NÃO COMBINA COM MADRUGADA

 

Ninguém soube dizer se a luz que iluminou seu rosto, escurecido pela fumaça do ambiente, vinha apenas do visor apitando uma fase mais tranquila. Talvez tenha sido a alegria que seus dentes denunciavam. E apenas uma pessoa poderia explicar o motivo da inquitação dela diante de tantas garrafas de cerveja chique. Por aquele momento ficou alheia à poesia dos diálogos que esquentavam a garganta de todos. Ele, que já se obrigava a sonhar em cama quente e solitária, pensou nela antes de fechar os olhos e também quando os fechou. Ela sorriu, sentindo a paz de que tanto precisou. A paz que antecede o furacão dos próximos dias de angústias previstas.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

NOSTALGIA

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foto: priscilanicolielo

Gosto de dias assim. O sopro frio ocupando um céu azul claro. Nuvens raras. É meio de ano no hemisféro sul. E eu tinha um edredom, uma varanda e vinho tinto. Você, minhas mãos. Do canto, o seu bambu espiava, enterrado ao lado de uma canabis. Fui feliz, agora lembro. E serei de novo ao lado de outras companhias, se houver mais dias como esse de que gosto tanto.

Feliz Ano Novo e desculpe por estragar o último que passamos juntos.

 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

EU ME OUVIRIA...

Se ela encantar os seus olhos, desvie.

Se segurar a sua mão, desconfie.

Se cobrar decisão, peça refrigerante - porque a cerveja responde sem te consultar.

Se ela se aproximar, bloqueie o desejo. Ocupe a boca com desprezo.

Quando for embora, reze para que ela não desista.

Segundas chances são fraquezas do lado sonhador.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O ANO NOVO



Nada tirou tanto o sono de Alice quanto seus pensamentos competindo com roncos e grilos na escuridão de um quarto com beliches. Pensamentos que, se ela contasse a alguém, tapariam com as mãos a paciência dedicada nesses dois anos. Encheram-se. Não há mesmo o que se fazer. Ela sabe. Só sonhar. Acordada. Inverter o pesadelo da crueldade em que vive. E ao inverter, ao sorrir cada vez que o retrato sobrevoou seu travesseiro nessas noites, chegou a uma conclusão. Alice vai aprender a acariciar esbarros com gentileza e distância. Daqui pra frente. Ou só neste ano. Uma experiência que, quem sabe, consiga lapidar tanta intensidade quando ouve certos passos preenchendo o corredor. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

ELE NÃO VÊ A HORA DE GRITAR FELIZ ANO NOVO PARA SETE ONDAS

 

Não confraternizou. Só passou raiva. Nem beber, bebeu. Quer dizer, não encheu a cara. Forçou sorriso. Forçou obrigados. Forçou tudo bem. Ouviu sobre cruzeiros e música eletrônica e que homens quando cozinham, são melhores que mulheres. Teve até agressão sutil da tia na sogra. Ainda bem que ele não estava lá. Mas tentaram trazê-lo de volta. Que coisa essa no seu trabalho! E quando casa? E quando vem me visitar? E tá feliz? E tá triste? E por que você não me ligou? E o que vai fazer agora? - trabalho voluntário no Quênia, serve? - Assuntos chatos demais para alguém que só queria ficar sozinho e olhar para a foto dela mais um pouco antes de deletar e trancar essa dor em 2008.

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